quinta-feira, 28 de novembro de 2024
terça-feira, 15 de outubro de 2024
Soneto da Terra e da Raiz
Na terra distante, coragem se fez,
Partiram em busca de um novo amanhecer,
Com sonhos e esperanças, deixaram de vez,
A saudade da casa, do lar a viver.
João e Maria, com fé e amor,
Construíram suas vidas, venceram a dor,
Em carroças enfeitadas, um belo esplendor,
Celebravam os laços, a união, o valor.
Na escola antiga, a luz da educação,
Nossas crianças cresciam, futuro a brilhar,
Cultivando tradições, em cada canção,
Na festa do povo, um só coração a pulsar.
Das mãos calejadas, o suor na lida,
Faziam brotar a terra, frutos a crescer,
Com cachaça e bolachas, a alegria é sentida,
Nos casamentos, a vida a renascer.
Os risos da infância em brincadeiras são,
Relembram os bailes, a dança e a união,
Na mesa farta, o sabor da tradição,
Nos pratos e nas almas, a história em canção.
E assim, os antepassados nos ensinam,
A força da raiz, que nunca se apaga,
Em cada nova geração, os valores se iluminam,
A memória dos que vieram, que o tempo não estraga.
Legado que ecoa, da luta e da raiz,
Em cada lembrança, a história é a matriz,
Viva a coragem dos que vieram antes,
E os sonhos que florescem, em corações constantes.
sexta-feira, 12 de julho de 2024
Alemães nas Missões- Colônia Guarany
Alemães nas Missões- Colônia Guarany
2024 – Bicentenário da imigração Alemã no Rio Grande do Sul.
Uma abordagem sobre a colonização Alemã na Colônia Guarany, localizada no noroeste do Rio Grande do Sul, complementa um pouco da história esquecida desta região, abrindo um leque de informações a respeito.
Depois de Theodoro Tufvesson de origem sueca, tivemos como chefe da colônia Guarany de 1895 a 1897 o alemão – Ernesto Mützel (Müsell) Filho, nomeado em 31 de outubro de 1892, e para a colônia Guarany, como chefe, em 2 de janeiro de 1895, tendo sido dispensado em 06 de fevereiro de 1897, a pedido, seguido de Clarimundo D’Almeida Santos, sendo este até 1914, entre outros.
O primeiro registro na Colônia Guarany, de um alemão, segundo o arquivo histórico do Rio Grande do Sul foi em 25 de abril de 1900 da família de Ernesto Toholche e no discorrer da povoação do solo tivemos imigrantes tidos nos passaportes como alemães; alemães-poloneses; alemães-russos; Alemães-russos-brasileiros; Alemães-russos-poloneses; reimigrantes vindos de outras colônias do estado e os espontâneos que nada mais e nada menos vieram das colônias velhas e adquiriram os seus lotes rurais. Estas nomenclaturas identificativas derivam de certa forma dos domínios existentes na Europa naquela época, no entanto, entendo que alemães e/ou descendentes são todos aqueles que por sua origem falavam a língua alemã.
Pelos dados históricos já havia alemães antes da data supra, haja vistas, conforme relatórios da colonia e o primeiro registro de óbito, do livro de assentamento de óbitos 01, fls 001, sob o número 001, foi o assento de Maria Gedradt, do sexo feminino, cor branca, falecida em 28 de dezembro de 1900, com 23 anos de idade. Nascida em 26 de julho de 1878, em Esgen, na Alemanha, filha de Heinrich e Maria Kironing, e testemunhas Theodoro Lovera e Francisco Camerotto Gall.
Em 1902 foi criada a Colônia de Serro Azul pelo Dr. Horst Hoffmann. Sendo esta confessional, ou seja, étnica e religiosa (NEUMANN, R. M, Uma Alemanha em Miniatura, 2009, p.18). Era um projeto de colonização confessional, destaca-se a fundação da colônia de Serro Azul, hoje Cerro Largo, na região das Missões, em 4/10/1902, pela Associação de Agricultores, a Bauernverein, na pessoa de Pe. Max von Lassberg, juntamente com Karl Culmey. A partir dessa experiência, o mesmo religioso fundou, ainda, ao lado, a colonia Boa Vista, hoje Santo Cristo.
Alguns médicos alemães, naqueles tempos se fixaram no Núcleo Commandahy (Guarani das Missões), como o caso do médico alemão, nascido em Bremenhaven, em 13 de janeiro de 1891 na Alemanha, Dr. Hans Soldan e esposa Catharina Magdalena Hedwig Sauer Soldan, que praticavam a medicina em seu hospital ou clínica, o Dr. Rudner que atendia sem a devida licença para clinicar no Brasil, no entanto, fez muitas coisas boas nesta área.
O primeiro barbeiro, Francisco Nicolai (Franz Nicolay) casado com Marianna, alemães.
O pastor sueco Eric Jansson, fundou em Commandahy (Guarani das Missões) a Igreja Batista Independente lecionava aulas em sueco, alemão, russo e português. (1912 -1923)
Das 21.144 pessoas registradas na Colônia, de 1891 a 1924 nos faz ver de outra forma o mundo passado recente na Colônia Guarany. Tivemos: 6078 russo-alemães; 2785 poloneses; 2329 russos; 2281 brasileiros; 1881 alemães; 1120 austríacos; 1114 suecos; 1030 russo-poloneses; 533 italianos; 459 russo-poloneses-alemães; 373 não identificados; 285 holandeses; 247 finlandeses; 134 russo L; 126 polono-alemães; 29 frances-autro-ital; 27 argentinos; 16 espanhóis; 13 austro hungaro; 14 belgas; 8 austríacos poloneses; 6 dinamarqueses; 4 norte-americanos; 4 ingleses; 3 croatas; 3 romenos; 2 portugueses; 1 búlgaro. Sendo que os brasileiros em número de 55 aparecem em 1892, Os suecos aparecem em 1891, em número de 285, acompanhados de poloneses e austríacos. Lembrando sempre que os dados são de toda a Colônia Guarany (hoje Guarani das Missões, Senador Salgado Filho, Sete de Setembro, Ubiretama, Cerro Largo, Salvador das Missões, São Pedro do Butiá, Roque Gonzales, Porto Xavier, São Paulo das Missões, Campina das Missões e Porto Lucena). A Colonia 14 de julho hoje Santa Rosa teve ainda maior influência germânica, principalmente ao ser criada (janeiro de 1915) anexando parte da colonia Guarany (80%) principalmente onde habitavam os imigrantes alemães e Russos do lado direito do rio Commandahy.
Adolfo Ambros austríaco, em 28 de julho de 1885, formou-se em Farmácia, tendo estudado também história, filosofia, política, latim, e aprimorado o alemão. Estudou química, biologia, mineralogia, anatomia, entre outros. Exerceu suas atividades em estabelecimentos do gênero, adquiriu experiências e obteve cartas de recomendação e em busca de sua liberdade, resolveu vir ao Brasil, viajando desde Hamburgo, Alemanha. Cumpriu o mesmo roteiro de outros imigrantes: Santos, Porto Alegre, onde trabalhou por algum tempo numa farmácia e colônia Guarany onde também exerceu medicina e foi o tabelião.
Impossível não imaginar o sofrimento destes, no meio do nada, selva virgem, linguajar e costumes diferentes, animais de todas as espécies, onças, cobras, doenças, tudo para fazer. Colheitas perdidas, pela seca, enchentes, papagaios, formigas, besouros, gafanhotos que deixavam dez centímetros de larvas e ovos, que era como caminhar sobre sabão, fome, mortes, a vontade de transpor o Rio Uruguai, torcer para que a guarda costeira cochilasse e que o intento fosse alcançado.
Muitos encontraram sua última morada nestas terras e do heroísmo fizeram a sina protagonista, com os brados de vitória daqueles que ficaram transformando a Colônia ao som dos serrotes e dos machados, que não se calaram, pelo contrário, o povoar destes que lembrados ou esquecidos entre eles suecos, poloneses, alemães, russos, italianos, portugueses, austríacos, tchecos, brasileiros, espanhóis entre outros, fizeram seu grito de liberdade e progresso e agora dormem o sono merecido por luta indormida em um cemitério qualquer.
Da cuca aos ovos pintados ou ovos de chocolate, possível variante do “costume de páscoa (alemão)”. Se misturaram aos outros, ao sabor da mata, do araticum, pitanga, araçá e a gabirova.
Por fim neste passeio na história nosso reconhecimento a todos os 15 grupos étnicos formadores da Colonia Guarany, em especial aos descendentes alemães que no bicentenário, e já em novas gerações, brasileiros, se confundem com nossa identidade gaúcha.
Guarani das Missões, RS - Capital Polonesa dos Gaúchos, 13 de fevereiro de 2024.
Memorialista: Vilmar Person
Acadêmico ALMURS cadeira número 293
Nascido em Santa Rosa, cidadão honorário de Guarani das Missões, autodidata, formação em Técnico em Contabilidade, memorialista. Referência em vários livros e documentários, principalmente na imigração sueca ao Brasil, tendo recebido o título de “Sueco do Ano 2019”, pelo Consulado Sueco de São Paulo, servidor público municipal aposentado.
No Livro de sua autoria: Odisseia Viking da Suécia a Colônia Guarany e a Guarani das Missões: O Sonho e a Realidade buscou fontes fidedignas que exaustivamente delineadas para poder dar uma dimensão maior da quase esquecida colônia Guarany, e sua formação nas terras jesuíticas na região das Missões.
quarta-feira, 19 de junho de 2024
sábado, 25 de maio de 2024
A SANTA CRUZ SOLITÁRIA – Linha Seca
A SANTA CRUZ SOLITÁRIA – Linha Seca
Na Linha Seca, havia uma Cruz Solitária, onde constava 05 de março de 1952. Quem colocou segundo informações coletadas foi o Sr. Jahn Kazmierczak, homem de grande fé.
As inscrições desgastadas pelo tempo, praticamente impossível de decifrar, talvez numa acareação mais de perto possibilitasse a interpretação.
Devotos passavam e reverenciavam a Santa Cruz, tiravam o chapéu, colocavam a mão no peito, faziam o sinal da cruz, rezavam uma Ave Maria, o terço. Um local Santo para os devotos.
A Cruz Solitária acompanhou uma grande seca e foi objeto de devoção e procissões e rezas para que chovesse.
O milagre aconteceu, no dia em que a procissão chegou ao local onde a cruzinha de madeira foi plantada, tão simples, mas ícone de grande fé. A chuva veio e a seca terminou. Assim relatam alguns moradores. A procissão foi da cidade de Guarani das Missões até a linha Seca, levando a Cruz. Primeiro estava em outro local, depois foi colocada para a beira da estrada vicinal, antiga estrada do DAER, estrada esta que ligava Guarani das Missões e Santo Ângelo.
Resistente ao tempo, de boa madeira, não sei se está lá ainda. Mas espelhou momentos de fé do povo polonês colonizador, foi marco geográfico além da marca de um ato religiosa e devoção e, serviu de igrejinha para as orações.
Faça seu comentário, ajude a buscar a memoria religiosa dos nossos colonizadores, mande uma foto.
Capitel/ Gruta Linha Seca Guarani das Missões - RS
CAPITEL LINHA SECA
Muitos anos atras nas andanças dentro do Município de Guarani das Missões, tivemos a oportunidade de registrar a imagem da gruta/capitel da Linha Seca. Como sempre o místico nos fascina, o porque daquela gruta/capitel com a imagem de Nossa Senhora das Graças.
Segundo nosso amigo Sr. Coleto Natal Jaroszewski, conta que o capitel foi erigido pela família Popiol (Popiouek/Popiolek), oriundos do Paraná, em honra a Adalberto Woiciej, polonês executado no tronco com golpe de machado, então, por expiação ou penitencia por crime cometido por eles (Popiol), ou seja, a morte de um vizinho por decapitação. Consta ainda que a narrativa aqui descrita foi relatada por Chico Konarzewski (in memoriam), confirmada pela família do mesmo.
A família de Francisco Konarzewski (im memoriam) mantem o local, tendo inclusive reformado a Gruta/capitel, onde consta uma menção, conforme imagem.
Acredito que a data constante (1855) não deva corresponder a realidade, haja vistas, que a colonização se iniciou em 1891, mas não altera a boa intenção e irrelevante no contexto, quiçá, não mudaria a história da Colônia Guarany?
Local místico, também de orações.
Agradecido pelas informações, para construção da memoria de nossa história.
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